domingo, 30 de outubro de 2011

30 de outubro de 2011

Oi, Sam...

Estou ensaiando para te escrever há algum tempo. Faço uns rabiscos num papel qualquer, escrevo umas linhas numa página em branco, penso em outras tantas que eu poderia te dizer... Quando volto ao que escrevi, percebo que as palavras estão embaralhadas, se perdendo umas nas outras, misturadas, confundindo-se na própria confusão. E você deve pensar “Como assim? Não faz sentido!”. Será que não faz mesmo?

Talvez eu esteja realmente tresloucada, perdi (definitivamente!) o juízo ou estou procurando sentido onde não se pode achar. É, é possível que você esteja certa e que não tem mesmo razão essa confusão toda... Mas será? Então você me explica, Sam, quando achar oportuno, como eu poderia concatenar ideias relativamente coerentes sobre o que estou sentindo? As palavras se misturam porque sentem o meu desejo de me misturar em você, se perdem nas linhas da folha que rabisco por perceber minha vontade de me perder no seu mundo, se confundem por querer que também se confundam nossas almas, nossos corpos, nossas vidas.

E aí eu fico assim perdida, confusa, embaralhada, desordenada, sem noção do tempo, do espaço, do sono. Fico aqui pensando e sorrindo, lembrando e sofrendo, queimando e gelando, ardendo, suspirando, procurando o ar, procurando você, procurando entender alguma coisa do pouco que sobrou de mim, tentando organizar ideias, tentando dizer alguma coisa que me faça calar, que te faça falar, que justifique a ausência de tudo que não é você em mim.

As palavras continuam a se misturar por aqui, você pode perceber. Ainda sentem a minha vontade de mergulhar de vez e sem saída no teu olhar e ainda comungam de cada um dos meus devaneios. E, de repente, elas já fazem parte dessa insensatez, já agem por si e dizem o que desejam. Vê, Sam? Consegue sentir? Elas te querem, te chamam, pedem permissão... tentam te tocar assim como eu tento. Lê?

C.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

27 de outubro de 2011

Teus pés descalços entraram pela sala e fui acompanhando seus passos. Teus braços paralisaram os meus e tua boca deslizou lentamente entre meu pescoço e ombros.
Como que enfeitiçada, te entreguei uma das mãos. Nossos corpos, ainda mais próximos, se enlaçavam e se confundiam entre os tremores e os arrepios que ora nos incendiava os poros ora nos gelava a alma.
Sem forças para negar qualquer desejo teu, me dissolvo numa súplica ardente que você decifra nos suspiros cada vez mais intensos e nas batidas descompassadas que ecoam do meu peito.
Teus lábios vão me devorando em beijos deliciosamente cálidos enquanto teus instintos se ocupam de me despirem a alma.
Contra a parede gelada, meu corpo já sem roupa, pulsa impetuosamente enquanto meus olhos sofrem o delírio lúcido de contemplar tua paisagem. Cada curva, cada gesto, cada gotinha de suor meticulosamente desejada passam a fazer parte de mim. E te quero assim perto, dentro, em mim.
Tuas mãos desvendam o intimo, o profano  com sabor sublime de sagrado e encontro no teu beijo ainda a causa da culpa de não conseguir deixar de ser tua.
A água sobre nossas cabeças descortinam nossos corpos úmidos de suor e desejo e eu já nem respiro mais. O que entra em meus pulmões é apenas você.
Deixamos pegadas encharcadas pela casa e os lençóis embebidos nos delírios mais sacanas. Te aprisiono em minhas pernas, no intuito de parar o mundo pra sempre entre os suspiros e gemidos. Preciso guardar o gosto doce do teu corpo o tempo de uma eternidade inteira.
Ainda, numa ultima tentativa de mergulhar em você mãos, lábios e língua, me afogo em teus anseios e, quase no suspiro derradeiro, você me arranca de volta para o mundo. Juntas, buscamos no quarto o ar que tanto nos faltou, enquanto as erupções na nossa pele se encarregam de justificar o quão eterno foi esse segundo que não aconteceu.
Sua, Sam.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

26 de outubro de 2011

Digo sim, Sam. Tudo que você quiser.

Mas o que eu poderia te falar agora? Nem todas as palavras – das mais doces às mais estúpidas – poderiam definir o que sinto. Todo o mistério do infinito é pouco para se comparar com esse sentimento que tanto grita e permanece calado. E ainda que eu falasse a língua dos anjos, ela não seria capaz de traduzir de forma transparente meus sonhos, alucinações, delírios, ou seja lá como chamam isso hoje em dia.

E você ainda precisa de mais de mim, Sam? Como, se cada respiração minha já te pertence? Como, se meu pensamento não me obedece mais, só a você (e só há você)? Cada gotícula de suor que sai dos meus poros é tua. Meu desejo não deseja outra coisa que não seja roubar todo o teu ar e te dar o meu, sob forma de hálito quente. E está tudo aqui: a música, a sapatilha e o balé... Pode vir buscar.


C.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

25 de outubro de 2011

Então, C., diga. Diga qualquer coisa, foi tudo o que eu te pedi: Me diz alguma coisa!

Chega de silêncio, de suposições, de dores de alma e corações. Chega de apenas mãos, apenas “nãos”.

Diga alguma coisa, algo que me faça parar ou me faça sair daqui correndo. Faça alguma coisa, porque eu já não aguento mais.

Cada pedacinho teu – olhos, boca, mãos, seios – me incita e me insulta por eu ser tão fraca, tão cheia de zelos, tão cheia de modos que já não me basta sonhar. Já não me contento mais com apenas segundos dos teus lábios em troca de lembranças tórridas que me corroem por dias; nem me bastam os toques, que ensaio por horas, para tentar estar mais perto de você.

Eu preciso de mais que isso. Preciso de muito mais de você.

Quero teu suor, teu hálito quente e apaixonado. Quero toda tua falta de controle, teus impulsos mais ousados e teus desejos mais cheios de capricho. Quero até que me faças chorar, que me roube o ar, me deixe tonta, zonza, louca, perdida...

Mas por favor, não cale assim, me diz alguma coisa!!!

Sam


25 de outubro de 2011

Sam,

Depois de algum tempo em silêncio, meu coração não aguentou mais. Minha mente está atordoada e a cabeça não pára. Qualquer lugar que olho, não enxergo nada. Não falo, não ouço, não toco. Só sinto. Preciso te dizer alguma coisa... qualquer coisa. Preciso parar de sangrar. Preciso voltar a respirar. Preciso de você.

Hoje eu poderia falar de olhos, mãos, tremor, êxtase. Poderia te dizer, mais uma vez, como é bom te ver, como é bom cada segundo com você ao meu lado. Poderia continuar aqui deitada rememorando a textura da tua pele, sua mão tocando a minha, sua voz que me chega tão suave. Mas não vou fazer nada disso. Toda recordação sua só vai me fazer lembrar que você não está aqui comigo, que você não é minha...

Por isso agora me calo. Hoje você não vai saber sobre dor na alma, pontos energéticos ou sonhos ousados. Não vou sequer comentar do meu desejo de te enlaçar num abraço infinitamente terno e te beijar delicadamente os lábios. Não te direi de todas as vezes que controlei o impulso de te levar do mundo e te prender em mim. Também não vou falar da falta que você faz o tempo todo, nem do vento que insiste em trazer seu perfume até aqui. E não vou falar do meu coração, de como ele grita, desesperado, o seu nome.

Não vou falar nada disso aqui e agora.

Mas eu ainda preciso te dizer alguma coisa. Qualquer coisa...

C.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sorri. Inunda-me.
Rouba-me. Te me entrego.
Te olho. Invade-me.
Me tocas... não te nego.

Te encontro. Feliz.
Me deixas? Te seguro!
Enlouqueço? Por um triz...
Não te deixo... e juro!

Se vou, metade permaneço.
Quando ficas, sou por completo.
Meus olhos? Te ofereço.
Também o coração? Secreto!

Te sigo, me bebe. Exijo!
Me ouve: me toma, me chama.
Isola-se. Sou um esconderijo...
Sou tua. Me leva e me ama.

C.
19 de outubro de 2011

19 de outubro de 2011

Olá C.
Você deve estar esperando a resposta da ultima carta, mas não vou fazer isso aqui, não hoje. Peguei uma página em branco para rabiscar, unicamente, porque acabo me sentindo mais próxima de você, mas hoje não quero falar sobre nada.
Quero apenas teu silêncio.
Fecho os olhos e recosto no teu peito. A maciez da tua pele me acaricia sem mãos, enquanto um dos braços me envolve em abraços. Te sinto respirar. No frio, nossos poros comungam da mesma sede e, sem cobertor, nossas pernas se embaraçam suprimindo os arrepios. Na tentativa de alcançar teus lábios, me afasto e nossos olhares dizem, no mais profundo silêncio, tudo o que se pretende ouvir, tudo que se precisa saber. Entre os beijos e afagos, dois corpos se dilacerando num desejo de carne e as almas cuidando de ser, caprichosamente, uma só. Não há mais mundo lá fora. O mundo inteiro está aqui e é você.
Silêncio, solitário silêncio.
Quase consigo ouvir o risco do grafite no papel agora decorado com corações. Por todos os lados, o teu nome desenhado como um grito calado e eu só consigo pensar no quanto preciso de você.
Sam


19 de outubro de 2011

E finalmente voltaram-me as palavras...

Dentre elas, uma gritou mais alto: QUERO

Quero teus melhores momentos, teus piores dias. Suas crises e loucuras, nossas bobagens.

Quero mais que domingos alegres, quero todos os dias com você.

Quero não só copos e corpos, quero tua alma inteira na minha.

Quero morrer a cada segundo num abraço teu.

E viver. Viver e viver de novo pra nunca deixar de ser parte dos teus planos.

Não quero mais meu mundo. Também não quero o teu. Quero nossos mundos se misturando e se tornando um só.

Quero tanto... E de tanto querer me perco nos pensamentos e quase posso transformar em realidade todos os desejos incontidos. Me perco e me encontro nos teus braços, me perco e te tenho aqui em mim.

Quero ser a parte de mim que grita.

Quero você! Quero você! Quero você!

Sempre! C.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

18 de outubro de 2011

Querida C.

Se eu não fosse tão pequena, tão metade, me doaria inteira. Meu coração bateria ao ritmo do teu e não deixaria teus domingos assim tão melancólicos.

Acordaríamos tarde, com a preguiça de quem passou a noite em claro desenhando curvas de corpos apaixonados, tomaríamos banho e talvez decidíssemos por ficar mesmo em casa. O cardápio seria o teu e todo resto também.

Duas taças de vinho sobre a mesa, nós embaraçando nossas mãos, por um motivo qualquer, e, em seguida, os olhares, os lábios, as pernas, as vidas.

Teu cheiro pela casa, nossas roupas pelo chão e sobreviveríamos, sem lágrimas ou sofrimento e sem essa saudade maluca do que nem chegamos a viver. Talvez até morrêssemos por segundos entre os milhões de abraços apertados, colados, calados.

Seriam teus, por horas intermináveis, meu riso, meus olhos, meus planos, meus beijos e desejos não tão bem guardados. Seriam tuas todas as minhas horas, todas as promessas, todas as flores. Seria teu o meu mundo.

Se eu não fosse tão pequena, tão metade, seria tua.

Mas ao te ver chegar, aqui do alto da minha impotência, apenas cruzo os braços sobre a cadeira, escondo o rosto e, sem lágrimas, sonho.
Com amor, Sam.

domingo, 16 de outubro de 2011

"Chega de saudade..."

(Trilha sonora: http://www.youtube.com/watch?v=nLJeUMPvKxs)

Sam...

Cá estou eu novamente a te falar das inconstâncias do meu pobre coração, que se vê perdido a procurar ouvir as batidas do teu se aproximando. Me sinto um pouco mais melancólica que de costume hoje. Talvez por ser domingo (e domingos me causam uma angústia inexplicável). Ou talvez seja o excesso de informações semi-inúteis na minha mente (na tentativa sempre frustrada de que elas possam substituir, nem que seja por milésimos de segundo, as lembranças doces dos nossos momentos). Mas acho que é só saudade mesmo.

E por aqui uma voz estranhamente bonita canta: “... e diz a ela que sem ela não pode ser”. E eu acompanho em coro cada letra, cada palavra, cada acorde e a melodia desse hino ao fim do sentimento mais temido dos amantes apaixonados. É saudade! É só saudade! A gente sempre sobrevive, aos trancos e barrancos, chorando, sofrendo, descabelando. Mas não, ninguém morre de saudade.

Não morro eu, você também não, nem Vinicius nem Tom. Esperamos sempre a coisa linda, a coisa louca e, com ela, os milhões de abraços apertados, colados, calados. Por que essa é a parte boa da saudade, não? O encontro tão esperado, olhares brilhando, as quatro mãos trêmulas a se buscar, a respiração ofegante e o coração acelerado. E, de repente, a gente se esquece de tudo: dor, melancolia, solidão, tristeza, orgulho e até dela, a tal da saudade... Chega de saudade!


Cheia de saudade,

C.

16 de outubro de 2011

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

"Anjo"

"Foi você, anjo?
Foi você batendo na minha porta?
Foi você entrando de mansinho?
Foi você transformando o inferno em meu ninho?

Quando chorei, você me pegou no seu colo?
O carinho que senti foi você quem me deu?
E quando me disseram, anjo, para eu ficar bem
Era a sua voz que eu ouvia ou de outro alguém?

Então porque não me deixas te olhar, anjo?
Prometo que não vou tentar te prender aqui
Eu posso jurar, se você quiser, que não vou questionar
Não vou pedir, não vou implorar, só esperando você ficar..."


Achei essas palavras perdidas por aqui.
Espero que você possa encontrar nelas a leveza que me faz sentir.


Sempre, C.

13 de outubro de 2011

Sam, meu bem...

Meu silêncio te chama a todo momento. Quando minha alma grita de dor ou quando ela vibra de felicidade pela sua presença. Quando os Km insistem em nos manter distantes ou quando eles dão uma trégua e me deixa te sentir mais de perto. Quando sonho, anjos me inspiram. Quando tenho pesadelos, acordar e lembrar de você me alivia o medo.

Mesmo que você esteja longe. Mesmo que você queira estar longe. Mesmo que você só possa ficar longe... É só pensar em mim e eu vou estar chamando por você, querendo você sempre mais perto. Meus pensamentos serão todos pra ti. Cada palavra, cada piscar de olhos, todo riso, toda lágrima. É tudo pra você. Pra te sentir aqui comigo quando sua ausência doer e eu não aguentar.

E é justamente nisso que você procura agora, no brilho dos meus olhos ao rabiscar esta página, que você pode me encontrar. Aqui fica o seu lugar em mim... o meu melhor lugar. Nestas linhas tortas está o meu coração, o meu desejo, a minha alma. No silêncio cansado dos meus dedos repousa a minha vontade de te mostrar tudo o que você vê e não vê. E você ainda pode me ouvir, em silêncio, gritar seu nome e te pedir uma vez mais: Fica comigo!

13 de outubro de 2011

Querida C.


Enquanto eu me afastava, pude te ouvir em silencio a me pedir: Fica comigo! Uma lâmina sem corte atravessou e partiu minha alma.

Os passos na direção oposta doíam como se os ladrilhos tivessem sido tirados de vidros estilhaçados, a noite triste carregava o presente que deveria ser entregue a você e isso me causava medo. De solidão, não posso falar, mas passaria horas descrevendo cada espaço vazio de você.

Mas voltei. Não tão brevemente como prometi ou como desejei, mas voltei. E agora me sinto tão pequena diante do que quero te dar, diante do que você precisa, como se qualquer esforço, palavra ou gesto fosse incalculavelmente ínfimo.

Ainda estou à procura do brilho dos seus olhos no final de uma página rabiscada e do seu riso solto e tímido depois de alguma besteira minha. Ainda estou procurando você. Voltei, mas ainda estou tentando te encontrar.

Saudades, Sam.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

11 de outubro de 2011

Hoje acordei com a alma sangrando. E te imaginar ao meu lado seria um elixir pra me fazer esquecer toda e qualquer dor que eu posso sentir. Mas não hoje. Hoje minha alma continuará sangrando.

Nossas cartas serão as culpadas por isso. Todas as lembranças que eu tenho de você me farão dilacerar e me resumirá num ser debilitado neste momento. A sua imagem, que nunca saiu e não sairá da minha mente, ainda vai me fazer estremecer, mas a dor vai acompanhar todo e qualquer movimento meu. Meu delírio será intenso como jamais foi e a vontade de te roubar do mundo vai me arrebatar os pensamentos cada minuto deste dia.

O sentido das coisas não mais existirá. Um mais um não será dois, a Terra não é mais redonda, a água nunca foi incolor, a gravidade não atrai e eu estou aqui sem você. Perderão o sentido também as minhas palavras, que você não poderá ler. Meus olhos estarão perdidos no tempo... lembrando da sua tentativa sem efeito de fugir do meu olhar.

E no fim de tudo, meu bem, mesmo longe, você estará aqui comigo como sempre esteve. Ainda vai doer, mas a espera da sua presença vai me acalmar e me manter mais quente. A falta que você está me fazendo, imaginando ser substituída pelo êxtase do seu retorno, vai serenar os meus sentidos e me devolver a paz aos poucos. Meu carinho ficará guardado esperando seu corpo. Minha tristeza vai aguardar, ansiosa, a sua volta para se transformar em alegria sublime.

Olho pra porta e espero você entrar por ela e dizer que vai ficar tudo bem. E não, você não tem só meia hora pra mudar a minha vida. Te espero muito mais que isso. Te quero agora, sempre e pra vida toda. E nesse momento, quando você chegar, enfim, como um remédio infalível, será a cura para todos os males que me causou.


Volta logo.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

10 de outubro de 2011

Olá C.


Não, eu não vou mentir pra você. Não vou dizer que meus olhos não paralisam nos teus lábios imaginando os teus beijos. Não vou mentir dizendo que não foi de propósito que nos esbarramos sob a mesa, nem que o suor das minhas mãos não tinha a ver com o fato de elas estarem sempre a sua procura. Não, eu não vou mentir pra você.

Também não vou mais mentir pra mim, dizer que o nosso encontro foi só um acaso. Não vou mais pensar que nossa história serve apenas para florir páginas das cartas que trocamos, nem vou me contentar em te ter somente nos meus sonhos ou nas lembranças das coisas que não fizemos juntas.

Não, eu não vou imaginar teu toque em outros. Não vou fingir que está tudo bem, não estará sem você. E não vou deixar de te procurar em mim, nos meus tremores, no ar que, certamente, não trará teu cheiro.

Não quero mais esse vazio, não quero ter que ensaiar abraços pra te dar. São teus!

Não, por favor, não me peça pra mentir, eu não quero. Não quero mentir, não quero fugir, não quero mais fingir, nem me iludir que não me incomodam todos os espaços sem você. Sinto tua falta... o tempo todo.

E sim, me caso com você. Por mais improvável que isso pareça agora, me casarei com você. E quando isso acontecer, certamente já teremos sido felizes para sempre.
Sua, Sam.

10 de outubro de 2011

S.
Posso passar horas escrevendo sobre todas as sensações que você já me causou em tão pouco tempo. Todos os arrepios na alma, os calafrios incontidos na espinha, a perda do sentido da realidade que seu cheiro me causa e até as dores na alma que a lembrança da nossa linda história me faz sentir. Poderia mesmo escrever páginas e páginas, mas seria demasiado chato para você ficar lendo essas coisas.
E o que me resta a dizer, então? O que me resta a sentir além desse vazio que toma conta de mim toda vez que viro as costas? O que fazer com todas as outras vozes que não quero ouvir? Como esconder a repulsa por outras mãos me tocando que não as suas? Em que olhar posso me perder quando você não puder me olhar? Quem mais, alem de você, pra me abraçar e fazer o tempo parar por alguns segundos?
E porque responder? É retórico, não? Eu sei que já não preciso sentir nada que não venha de você. Sei que a sede que sinto só seus lábios poderão saciar. E que todas as sensações supremas não farão em mim efeito algum se você não estiver lá para compartilhar.
Mas sei também que pode não ser a mesma coisa pra você, Sam. E, se assim for, não me diga a verdade... Não me conte nada. Minta pra mim uma única vez. Me diga que só meu são os seus lábios. Que só as minhas mãos a sua procura. Que só meu abraço te causa tremores e arrepios. Diz que sente minha falta (o tempo todo). Que me quer pra sempre na sua vida e que vai se casar comigo amanhã.

Sempre, C.

domingo, 9 de outubro de 2011

9 de outubro de 2011

Querida C.


Prometi para mim mesma que não escreveria mais hoje, ao menos ia tentar parar de gritar aqui dentro, mas precisava te contar que acabei de ver o filme que me indicou. É que acabei percebendo um “buraco” também em mim.
Ele não foi feito por balas em meio à uma guerra, mas por um tiro de arma poderosa que, além de me arrancar pedaços, me paralisou os sentidos: Não ter você.
A metáfora da moeda também cairia bem, mas agora prefiro olhar apenas para um dos lados. O lado em que meus olhos refletem a luz dos teus, apesar dos quilômetros que insistem em permanecer entre nós.
Enquanto assistia as cartas dos mocinhos sendo, deliciosamente, vividas na falta impar que um fazia ao outro, encontrava sempre um lugar para teu rosto e para as tuas, tão bem traçadas, linhas escritas e descritas. E de novo aquela falta, aquele desespero sôfrego de não te ter aqui para me ver chorar feito boba, naquela cena que eu sei que você mais gostou.
Então me sinto sangrar. E sabe qual a única coisa que me vem à cabeça antes de tudo escurecer? Você.
Pode parecer estranho, pode ser loucura, posso estar sendo ridícula, mas volto sim às cartas, te sinto perto, te sinto aqui. Te faço entender sempre mais quem sou ou como estou, já que tuas pernas não se embaraçavam nas minhas enquanto mantive meus olhos fixos naquela história de amor provável, possível e cheia de dor.
Mas é isso. Sinto que estou um tanto mais sensível que de costume e mantenho ainda os cílios encharcados, mas eu precisava aparecer no meio dessas linhas só para te dizer que não importa onde você esteja, vou sempre te alcançar. Vou estar no lugar que você precisar que eu esteja.

Com carinho,
Sam.


09 de outubro de 2011

Meu bem,

As suas palavras, seus gestos e seu toque me chegam tão suavemente que é quase impossível não ter a certeza de que um anjo te mandou para cuidar de mim. Senti teu beijo nos meus lábios hoje e achei que sonhava, mas não... você estava aqui. Seu cheiro se misturou com o meu nos lençóis e, quando acordei, não havia flores, mas a lembrança da nossa noite de entregas ecoava como canto de pássaro voando em liberdade.

Você teve que partir, mas sabe que ainda está aqui em cada respiração minha. Todo pensamento meu vem acompanhado da sua imagem, linda, me dizendo bobagens e me fazendo acreditar que é verdade aquelas coisas que sentem os apaixonados... sinos tocam, o ar desaparece enquanto o corpo se retrai num tremor causado pelos arrepios internos que acontecem sempre que penso em você.

E isto era pra ser apenas uma resposta ao seu bilhete, mas acabo de perceber que o meu desejo é te pedir pra voltar logo e não ir nunca mais.



P.S.: Obrigada por não desgrudar de mim.

Um bilhetinho

Bom dia, C!

Desculpa sair assim, mas é que é tão linda você dormindo que não tive coragem de alterar essa imagem.
Foi lindo estar com você e falar de tão de perto sobre tantas coisas, sentir tantas coisas... ver o céu, lembrar do tamanho da lua... enfim, se falássemos apenas das horas, também seria lindo.
Mas logo depois do amanhecer, esse sonho tão real acabou e precisei me despedir. Pensei comigo: "Então, que seja doce..."
Teria deixado uma rosa vermelha sobre teu travesseiro, mas não havia nenhuma no teu jardim, então, entre os lençóis, senti outra vez o teu cheiro e beijei teus lábios sonolentos. Levo comigo o eco dos teus sorrisos e a lembrança dos beijos bêbados e dos cheiros e gostos que agora conheço bem.
Sua, Sam.
09/10/2011 

sábado, 8 de outubro de 2011

8 de outubro de 2011

C.
É tarde de sábado e indecifráveis trancas, incalculáveis portas e montanhas intransponíveis de palavras me impedem de chegar até você.
Consigo tempo para reler suas cartas e percebo que elas são suficientes para me tirar daqui. Como num passe de mágica, nossos copos estão se tocando e transbordando o líquido amarelo e espumante que nos destravou a língua.
Seus cabelos, como nunca antes vistos, balançam ao vento e me convidam a um afago mais próximo que abraços cheios de arrepios e eu cedo. Aproveito para dizer ao seu ouvido das saudades e da falta que senti. Ensaio um beijo que, delicadamente, desliza na sua face e te deixo corar.
Seu sorriso, menos tímido, prende o meu olhar que insiste em decifrar seus lábios que, agora, umedecidos de desejo e cerveja, pronunciam meu nome.
Nesse encontro, muito mais que copos, olhares, afagos, nomes e bocas, a reação quente e quase instintiva dos nossos corpos, gela as mãos e congela o tempo. Assim permanecemos lá, sentadas, separadas apenas por milímetros de abismo, pela eternidade de uma fração de segundo que durou o meu piscar de olhos.
De volta ao meu quarto, junto suas cartas e seus bilhetes e vou tentando ouvir as canções que você me indicou, enquanto brindo sozinha com um copo de Nescau. Acredite, até nisso consigo encontrar você.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

07 de outubro de 2011

Sam,

Leio e releio suas palavras e a vontade que me dá é de gritar, sair correndo pela rua, explodir de vez ou sumir do mundo. São tantas coisas aqui dentro agora... tantas frases caladas, sorrisos escondidos, pensamentos que vacilam à todo momento. Fecho os olhos e posso te ouvir dizer isso tudo baixinho pra mim. E fico assim... sonhando, imaginando, delirando, ardendo.

E é a mesma dor na alma quando olho para os lados e você não está aqui. A mesma dor em não poder sair e te encontrar agora mesmo. Dói e sinto minha alma latejar, congelar, derreter e voar... sair de mim e te procurar por lugares prováveis e improváveis. Ela te chama. Pede e implora por você. “E tem que ser assim febril?”, me pergunto também.

Desculpa se às vezes pareço me desviar ou desculpa se sou aparentemente desvairada. Desculpa por tantas desculpas. A verdade é que não sei o que fazer quando estou aqui sentada em meio a estas páginas, tentando disfarçar as palavras, dissimular os sentimentos, para me fazer mais sensata ou menos tola. No fundo, é mesmo como você diz: respirar e sentir a música.

Então agora escrevo esta carta para lhe dizer tudo o que não precisa ser dito, pra te revelar o que está nas nossas tantas entrelinhas, pra te mostrar que eu sou de verdade a pessoa que você vê, que você sente. E, se você não sabe explicar, me esforço para tentar entender mesmo assim e, mais ainda, me arrisco na tentativa falha de procurar sinais que possam provar que a nossa loucura não é, afinal, tão desmedida.

Se é suficiente? Não! Sei que não é. Mas sei também que nunca seria. Não assim, não agora, não enquanto as palavras, os versos e as rimas não planejadas estiverem entre nós. Não durante o tempo em que a distância seja representada por algo além de Km. Não enquanto o toque da sua mão não vier acompanhado do meu arrepio e o tremor descompassado do seu corpo não terminar num abraço meu.

7 de outubro de 2011

Querida C.

Sabe quando, quase brincando, você me falou dos pontos de energia e da energia que se concentra e que, vez ou outra, quebra as regras e nos faz ferver? Eu não esqueci.
O silêncio das cartas, cortado por uma canção antiga, me fez procurar seus olhos e outra vez, aquela dor na alma por não poder partir, ir ao seu encontro, ou simplesmente te falar de coisas que passei a sentir. “Acho que estou gostando de alguém...”
Um último acorde e outra vez a carta.
Cada milímetro do meu corpo (de sangue, alma e quase febre) treme, vibra e teme num descompasso ensaiado pelo prazer e pelo medo. E pulsa e pulsa e pulsa... É música.
Você nada diz, nada ouve, nem sente. Alheia, rabisca os próximos sonhos, a próxima carta que não vai escrever.
Ai você vem me pede para ir junto, sabe que eu não poderia ficar. Então toco sua mão e outra vez o som, o ritmo, a dança, tudo cabe num piscar de olhos, é só respirar fundo e sentir a música.

07 de outubro de 2011

Não quero te contar história nem casos bonitos. Não adiantaria te falar do que eu vou ser, os dragões que matarei, os lindos lugares por onde vou andar, as pessoas interessantes que vou conhecer. Poderia inventar lendas, desbravar florestas, atravessar desertos, mas admiração, bravura e alucinações são incapazes de me fazer esquecer a textura da tua pele, o som da tua voz, a leveza do teu olhar.

Não posso exprimir ideais de um tempo que há de vir, se ele não puder me trazer o que faz meu tempo prosseguir. Posso menos ainda criar um futuro sem ter a certeza que ele me reserva o indispensável para me manter no presente... seu perfume, que vem com a brisa da noite me aquecer, a lembrança do seu corpo adormecendo ao meu lado, sua respiração calma contrastando com a minha, sempre desregulada ao seu lado.

O meu futuro pode ser lido em suas mãos; o sentido do meu destino está nas suas pernas caminhando pra mim; o meu caminho segue a direção dos seus lábios; minha estrada são as curvas do teu corpo. Não queira saber do tempo que se segue. Não me peça pra falar do que virá. Venha comigo.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

5 de outubro de 2011

Dos cheiros de páginas escritas não sei dizer. Hoje também não saberia falar de cheiro algum que não fosse o que insiste em permanecer entranhado na profundidade rasa do que teimo desconhecer. Nem a rosa branca nem a rosa rubra me trazem mais aromas agradáveis; nem bromélias, nem cactos... Até mesmo o mais perfumado dos lírios não chega até mim como faz o cheiro que entra por todos os poros e se dilata com a fraqueza de um tufão e a efemeridade do infinito.

Talvez seja este cheiro que desconheço, o das nuvens desenhadas com bichinhos, o perfume que preciso perceber para borrar contextos e reformular caminhos; fazer sentir, sofrer e ler por inteiro as páginas que venho rabiscando.

(...)

Agora chove. Levanto a cabeça e olho pro céu, enquanto o cheiro da terra sendo molhada me invade os pulmões como se quisesse lavar tudo que está dentro de mim. As folhas das árvores me dizem para aproveitar o banho esmerado que a chuva tímida me propõe. Não, a chuva não iria me fazer esquecer o passado e também não me fez pensar no futuro.

O cheiro permanece.

05 de outubro de 2011

Dessa vez, era para ser sobre cheiro de páginas escritas. Talvez exista nelas o néctar de uma dor pressentida ou quem sabe apenas um refúgio singelo de quem gostaríamos de ser. E somos.

Nas retas pautas e manchas de tinta, borramos os contextos e reformulamos caminhos. É só fazer de conta que escolhi a palavra certa para as lembranças que também são minhas. Presentes, reais, palpáveis como bichinhos desenhados em nuvens.

Os tempos não são trocados, nem os nomes. Tudo é perfeita e cuidadosamente criado para ser lido, sentido, sofrido, rasgado, queimado ou deixado de lado como quem cochila na segunda página, mas elas estarão lá, nunca mais em branco.

4 de outubro de 2011

Mais do que o espírito, as horas me corroem o corpo, a mente. E, se não te devoro, me devora fechar a porta, apagar a luz e fingir um sono tranquilo que não acontece.

As noites podem ser sempre diferentes, mas o adormecer agora é quente e terno. Me traz lembranças que não são minhas e cheiros que eu não conheço. O pensamento cravado em letras que eu não escolhi para palavras que também não falei. Se isso é tolice, eu não sei.

Coincidência ou acaso? Também não sei dizer. Talvez destino, futuro, passado, um presente. E aqui o engraçado: já não me basta trocar tantas outras coisas, troco os pronomes e agora troco também os tempos.

04 de outubro de 2011

Não se livre de mim nem me devore nessas horas nefastas que te corroem o espírito.
Não feche a porta, não apague a luz, não finja estar dormindo.
Se o acaso me levou para o seu lado, não fuja querendo entender por que. Não diga nada, não queira saber. Vai ver nem tem mesmo explicação.
Hoje, fui olhar a noite da minha janela e descobri que é sempre diferente e continuaria sendo diferente se você não estivesse lá, mas estava e corrompia meus pensamentos. Eu ria sozinha sem buscar entender, voltei e me sentia tola, idiota. Mas quem não é?
Talvez você não fosse... Eu era, mas sabia lidar com os pronomes.

01 de outubro de 2011

Não me diga do que não foi, não fale do que não virá.
Hoje encontrei essa página perdida entre os achados do tempo, dos dias e seu cheiro estava lá. Suas palavras perdendo-se nos seus pensamentos confusos, me ajudam a ouvir seus gritos. Gritos que, nos grifos não feitos na carta, me revelam segredos, me chamam de amor.
É doce o perfume e vem com sabor da febre que você sentiu, nele eu também queimo, também me arde, e sinto a rima, os versos, o ritmo, o tom de cada letra na canção que você não cantou.
Na sua página, regando suas letras, morre minha primeira lágrima por tudo que eu gostaria de ter feito e não fiz, pelo que gostaria de ler e não li.

"Sem data"

Desculpa se não posso te dizer tudo que se passa comigo agora. As palavras, que tanto me ajudaram em outros tempos, agora me confundem o pensamento, se atrapalham no emaranhado de ideias que me ocorrem sem que eu precise atentar pra isso.

Sinto muito por você não poder saber o que faço neste momento, como estou vestida, o que comi no almoço... como penso em você. Infelizmente não poderei te revelar os segredos mais obscuros da minha alma, os fantasmas que me assombram os pesadelos, os anjos que me sussurram palavras tão doces quanto as que eu queria te dizer. Mas não posso.

Não devo te declarar juras de amor eterno ao pé do ouvido, nem poderei te cantar poemas, declamar canções, mandar flores e presentes embrulhados em saquinhos com corações. E você também não vai falar, não vai ver, não vai perguntar nem responder. Não, meu bem, você nunca poderá saber das cartas que eu não escrevi.