terça-feira, 27 de dezembro de 2011

28 de dezembro de 2011

C.,

De nada adianta agora imagens de quartos vazios e tão cheios de nós e nossas tintas azuis. Asas de borboletas, flores de todas as cores, chuva de estrelas, tudo em vão.

Em noites como essas, em que o frio toca a pela quase como a ausência de um abraço e a escuridão da noite me faz entender que nem o mais alto dos meus voos vai me fazer te alcançar, encontro espaço suficiente para sua falta no horizonte que parte daqui da minha janela.

Te sinto em cada volta sem curvas, lá, no mais distante dos meus olhos, no menor pontinho brilhando no céu e em todo o resto que existe entre os meus cílios e os teus. E poderia ser o universo inteiro, ainda assim te saberia lá.

Mas dói. Dói e tira o sentido das cores, dos sons.

Descobri que já não adianta te procurar em outras faces na rua, e confundir teu sorriso com constelações só tem me feito morrer um pouquinho mais cada vez que anoitece.  Por isso mais uma carta. E ela vai outra vez de falar de saudade, da falta que você faz, das lembranças de cada detalhe teu que insiste em povoar meus sentidos e vai levar em cada letrinha um pedaço de mim.

E você vai sentir, eu sei.


Explodindo de saudade, Sam.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

27 de dezembro de 2011

Sam,

Estava me sentindo tão tola olhando pra essa folha em branco sem conseguir articular as ideias, que quase desisti de te escrever estas linhas. Pensei em começar pelo final, assinar meu nome sem falar absolutamente nada; pensei em apenas dizer que sinto sua falta; pensei em deixar meu silêncio te falar tudo que grita em mim. Eu não poderia fazer muitas coisas agora, mas poderia sair correndo e gritando seu nome até te encontrar ou continuar aqui paralisada revivendo nossas lembranças. Poderia ir dormir e esperar meu sonho te trazer pra mais perto.
Eu poderia te escrever uma carta... te dizer tudo. Você saberia de tudo e acabaria com as dúvidas que, eu sei, rondam sua cabecinha de borboleta. Eu te diria de novo tudo o que você já sabe só por imaginar que as borboletinhas têm efeito bem mais agradável em outros lugares. Te contaria tudo que você nunca pensou em saber, o que nunca imaginou perguntar. Me faria do avesso só pra você.
Aí você entenderia que o meu silêncio de agora é falta, é dor. Não a dor habitual, aquela que a gente imagina que vai passar logo, aquela que nos faz escrever cartas doces e tristes, misturar prosa e poesia. Essa dor queima, cala e cega. É a dor de perceber que não te ter por perto é como andar sem chão, viver sem rumo, sonhar sem futuro.
E agora, olhando pra esse papel, mesmo depois de letras tortas, rabiscos borrados e sonhos despejados, me sinto estranha, tonta... tola. Talvez como nunca tenha me sentido antes, mas disso você já sabe.

Com muito amor,
C.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

20 de dezembro de 2011

Querida C.


Você se despede e tudo simplesmente fica cinza. Fico meio atrapalhada sem saber o que fazer das horas.

Talvez eu tenha todas as palavras nas frases prontas, mas eu não sei o que fazer. Ando zonza pela casa, vagando sem entender bem o que não tem mesmo explicação; te procuro atordoada com minhas lembranças e percebo o tamanho do vazio que tem na minha sala sem a luz dos teus olhos.

Ausente qualquer bela canção, qualquer brincadeira boba. Eu agora não encontro tuas mãos nem para brincar com teus dedos e eu precisava de um abraço, sentir teu toque acalentando meu suspiro de saudade.

Cinza. Mas se tinge de vermelho, como o céu desse lado da cidade, como as outras horas e o desejo que me levam até você.

Tudo parece meio vazio, certamente, nem a carta vai conseguir falar de tudo o que eu queria gritar aqui da janela, mas é mesmo triste, é vazio, frio. E só. O resto acho que você consegue entender.
Com amor, Sam.

20 de dezembro de 2011

Olá, Sam...

Estava aqui pensando e relembrando sua voz, linda, cantando pra mim e tentando entender como de repente você se tornou tudo que eu sempre quis ter, o reflexo que eu queria enxergar ao meu lado no espelho. Assim, perfeitinha, com os exatos defeitos, qualidades e manias. E você apareceu... quando eu nem esperava mais, com um olhar misterioso e um convite irrecusável.
E é quando fecho os olhos e te sinto tão perto que posso perceber como é difícil imaginar minha vida sem você, longe das suas loucuras e seus momentos poéticos. Eu te quero comigo aqui agora, como quis desde o primeiro abraço, e isso me assusta. Porque a sua presença ainda me assusta tanto quanto a sua falta.
Aí fecho os olhos novamente, sinto seu perfume ao meu redor, sua pele, seus pelos, seu toque, e esqueço de tudo. Esqueço como é triste e cruel cada segundo sem você, como dói a sua ausência, como nada mais tem graça quando você não está por perto. A sua voz ecoa em meus ouvidos cantando aquela música que cabe direitinho no momento e você volta a caber no meu abraço.
E eu ainda te quero comigo agora. Porque a sua presença torna leve o pesar da sua falta.

Saudade,
C.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

15 de dezembro de 2011

C.

O que são essas horas sem você? Escuras, sonolentas, cheias de uma absoluta falta de sentido, como corredores vazios e úmidos, como escadas decoradas por bilhetes rasgados, como elevadores quebrados.

Parece impossível agora sentir o vento vazio do teu perfume, ou não procurar teu rosto pela multidão, e eu sei o quanto isso é brega.

Provavelmente essa será a carta mais ridícula que você já leu, admito, estou mesmo me sentindo ridícula, como o mais terno dos apaixonados, como quem não tem vergonha de admitir as fraquezas e fragilidades, como quem declara os sentimentos com a mesma facilidade com que respira, se bem que o ar dos meus pulmões tem andado escasso desde que nossas mãos se afastaram.

E a propósito, tem tanta coisa que eu poderia ter dito...

Nós caminhando pelos corredores, ninguém poderia supor que não nos apaixonamos: os sorrisos, os olhares, os corpos que insistem em se esbarrar o tempo inteiro sugerindo a súplica pelo afago não permitido. E sobre as coisas que poderiam ser ditas, me lembro de quando era mais fácil apenas deixar o silêncio falar, até que um dia você me pediu para ouvir uma música e ela falava de sorrisos, de passos, de luzes, da ausência de sentido no mundo que continuava girando a menos de um centímetro de nós e a gente nem via. Falava de suspiros que substituíam as milhas de distância entre nós e de tudo o que poderíamos nos dizer.

E eu me vi sentada ao seu lado na escada, sentindo tudo aquilo expresso na canção, mas eu sempre ia embora, quase sempre sem abraços de despedida e sem encontrar as palavras certas pra dizer o que eu nunca esqueci: mesmo quando não estou perto de você, preciso dizer que te amo.

Agora viver as horas sem você é dedicar cada segundo as lembranças de um mínimo gesto teu ou te imaginar ai olhando o céu ou lendo um livro ou dedilhando teu violão, é escrever cartas, cartas de amor ridículas como devem ser, é suspirar para te alcançar.

Amor, Sam.








15 de dezembro de 2011

Sam,

É mais do que sentir saudade. É um vão que corrói o corpo, a alma, a mente.
É muito mais que ficar triste ao te ver partir. É perder o rumo com a possibilidade de segundos sem você.
É mais do que simplesmente perder o ar. É sentir você me invadir e entrar sem pedir licença.
Bem mais do que fascinação te ver, linda, caminhar sorrindo em minha direção.
É como transformar pesadelos em sonhos surreais, frio gélido em calor terno, vazio em abundância.
É obter vinho da água, luz da escuridão, som do vácuo.
É ar. É vida. É essência. Sintonia.
É amor...
E é sublime.
Como fazer a mais dura pedra se transformar num brando suspiro.


C.

14 de dezembro de 2011

C.

A estrela que rasgou o céu, enquanto eu imaginava teu banho, me fez arder os olhos.
Aquele feixe de luz, de uma ponta a outra da minha janela era como mãos atravessando minha blusa, beijos recalculando meu corpo. E era o meu desejo, como ímpeto, a viajar pela noite pra te encontrar. E numa fração de segundo, viajei.
Aí, o teu sorriso claro e tímido e tua carinha de satisfação desvendada num “biquinho”...
O teu corpo ainda sendo visitado pelas gotinhas que ficaram do banho e os meus passos em direção ao mergulho em ti.
A toalha no chão.
Um piscar de olhos.
E a estrela caiu.

Saudades, Sam.

sábado, 10 de dezembro de 2011

10 de dezembro de 2011

Sam,

Amanheceu e agora o sol vem me despertar dos delírios de sonhar com você. Chega o dia e com ele sinto seu perfume invadir meu quarto. Abro os olhos e posso, por instantes, te ver aqui ao meu lado. Amanhece e o dia me traz novos devaneios.

Amanheceu e não posso mais te oferecer a lua cheia, o brilho das estrelas e o escuro azul do céu. O dia vem, a noite não é mais nossa, mas saiba que o sol que brilha agora no céu só vem para te aquecer enquanto não podemos nos perder entre pernas e lençóis.

Amanheceu. O céu claro e sem nuvens me lembra que a vida sempre tem uma forma de mostrar que o mesmo fogo que queima e arde, pode tranquilizar se vier acompanhado de um vento com cheiro de folhas secas e gosto de paz. Amanheceu e sua falta queima diferente agora.

Amanheceu e faz um dia lindo agora. Amanheceu e minhas palavras, meu mundo, meus olhos ainda te pertencem. Te ofereço esse sol que sorri pra nós, as nuvens que agora aparecem formando pequenos desenhos disformes, o calor que esquenta teu corpo e o vento que lhe sobe devagar pelas pernas. O dia é teu, é nosso. E se em algum momento o sol se esconder e cair do céu uma chuva fina, você vai saber... sou eu derramando tudo de mim pra te alcançar.


Com Amor,

C.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

09 de dezembro de 2011

C.

Eu quero todas as suas promessas fáceis, toda a vida que podemos nos dar.

Todas as horas de sono perdidas, as madrugadas no telefone, os olhares cortados quase sempre por nossas confissões silenciosas, os suspiros, os beijos, a mão lenta deslizando entre o queixo e a ponta da orelha...

Quero um sonho e te acordar com beijos numa manhã qualquer, mas antes disso, uma noite como esta, pra gente sentar na varanda e eu poder ver todo céu refletido no seu olhar enquanto dedilho canções pra te falar de mim, do que guardei pra te dar.

Mas agora, assim distante de você e com o corpo marcado ainda pelo que pode vir a ser a eternidade ao teu lado, o meu mundo gira e tudo que entra nos meus pulmões é o que ficou do teu cheiro aqui no quarto.

E eu queria, só por um instante, ter você por perto para dividir uma música e num abraço te entregar também as coisas que não sei explicar. Te prender num olhar, depois num beijo e sem tentar entender, te amar...


Amor, Sam.

09 de outubro de 2011

Sam,

Queria poder te dar mais que isso, mas as minhas palavras são o único modo de te alcançar agora, te tocar, te acariciar e beijar teu rosto levemente.

Queria te mostrar o mundo, viajar pelo tempo, visitar outros templos, outros universos, mas só o que posso é te oferecer minha mão e te entregar o meu mundo.

Queria te dar o chão para pisar, a cama para deitar, o sol para te aquecer e o vento que balança teus cabelos, mas não possuo nem mais o ar dos meus pulmões e as batidas do meu coração... você já os tem.

Queria te contar os segredos do universo, te prometer o infinito e te banhar com cada gota de luz que cai sobre nós, mas o único brilho que você pode ver em mim é o dos meus olhos ao encontrar os teus.

Queria te dar a beleza do mar, a leveza das ondas que vão e vem num movimento quase hipnótico e transformar cada grão de areia em felicidade genuína, mas só posso te chamar para olhar nuvens que desenham corações enquanto entrego o meu em suas mãos.

Queria que você pudesse sentir de outra forma, queria realmente fazer minha voz ecoar no teu ouvido, mas agora a única forma de explicar é te fazer olhar para essa lua no céu sem estrelas e perceber, presa num abraço, o amor...


Com amor,
C.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

05 de dezembro de 2011

Querida C.

... E volto às páginas.
Eu poderia pegar o telefone, poderia bater na tua porta, poderia ter agarrado teu braço só pra te fazer ouvir as coisas que preciso dizer. Confesso que até palavras digitadas num documento do word parecem frágeis agora.
Agora que conheço teu jeito, agora que me abrigo no teu peito, agora que decifro teus olhos, agora que por toda parte tem tuas digitais, apenas escrever  parece alguma coisa próxima de ser mesmo frágil demais.
O gosto do teu beijo, que deixou de ser delírio, corrompe meus sentidos. A lembrança do teu corpo não é mera distração, é vício e aquela falta, antes consentida, agora fere, machuca, tira o ar.
E te busco no menos provável, porque em todo resto já é fácil te encontrar. Todo pedaço de mundo vazio de você parece meio mofado como polaróides manchadas, contraditório como um palhaço chorando à beira do palco. O mundo sem você é confuso e me faz arder em culpa.
Eu poderia pegar o telefone, estou mesmo louca para ouvir tua voz; poderia ir na tua casa e te ver estacar surpresa - tão linda que chega doer - ao abrir a porta; ou poderia ter resolvido tudo isso logo cedo antes de me despedir: segurando firme no teu braço, olhando nos teus olhos, mas você me paralisa e me esqueço de como as cores mudam quando nos damos as costas.
Agora essa saudade insuportável e tantas frases fáceis presas na garganta... Eu só queria te dizer, mas volto às páginas.

Sam.