segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

05 de dezembro de 2011

Querida C.

... E volto às páginas.
Eu poderia pegar o telefone, poderia bater na tua porta, poderia ter agarrado teu braço só pra te fazer ouvir as coisas que preciso dizer. Confesso que até palavras digitadas num documento do word parecem frágeis agora.
Agora que conheço teu jeito, agora que me abrigo no teu peito, agora que decifro teus olhos, agora que por toda parte tem tuas digitais, apenas escrever  parece alguma coisa próxima de ser mesmo frágil demais.
O gosto do teu beijo, que deixou de ser delírio, corrompe meus sentidos. A lembrança do teu corpo não é mera distração, é vício e aquela falta, antes consentida, agora fere, machuca, tira o ar.
E te busco no menos provável, porque em todo resto já é fácil te encontrar. Todo pedaço de mundo vazio de você parece meio mofado como polaróides manchadas, contraditório como um palhaço chorando à beira do palco. O mundo sem você é confuso e me faz arder em culpa.
Eu poderia pegar o telefone, estou mesmo louca para ouvir tua voz; poderia ir na tua casa e te ver estacar surpresa - tão linda que chega doer - ao abrir a porta; ou poderia ter resolvido tudo isso logo cedo antes de me despedir: segurando firme no teu braço, olhando nos teus olhos, mas você me paralisa e me esqueço de como as cores mudam quando nos damos as costas.
Agora essa saudade insuportável e tantas frases fáceis presas na garganta... Eu só queria te dizer, mas volto às páginas.

Sam.




Nenhum comentário: