quinta-feira, 27 de outubro de 2011

27 de outubro de 2011

Teus pés descalços entraram pela sala e fui acompanhando seus passos. Teus braços paralisaram os meus e tua boca deslizou lentamente entre meu pescoço e ombros.
Como que enfeitiçada, te entreguei uma das mãos. Nossos corpos, ainda mais próximos, se enlaçavam e se confundiam entre os tremores e os arrepios que ora nos incendiava os poros ora nos gelava a alma.
Sem forças para negar qualquer desejo teu, me dissolvo numa súplica ardente que você decifra nos suspiros cada vez mais intensos e nas batidas descompassadas que ecoam do meu peito.
Teus lábios vão me devorando em beijos deliciosamente cálidos enquanto teus instintos se ocupam de me despirem a alma.
Contra a parede gelada, meu corpo já sem roupa, pulsa impetuosamente enquanto meus olhos sofrem o delírio lúcido de contemplar tua paisagem. Cada curva, cada gesto, cada gotinha de suor meticulosamente desejada passam a fazer parte de mim. E te quero assim perto, dentro, em mim.
Tuas mãos desvendam o intimo, o profano  com sabor sublime de sagrado e encontro no teu beijo ainda a causa da culpa de não conseguir deixar de ser tua.
A água sobre nossas cabeças descortinam nossos corpos úmidos de suor e desejo e eu já nem respiro mais. O que entra em meus pulmões é apenas você.
Deixamos pegadas encharcadas pela casa e os lençóis embebidos nos delírios mais sacanas. Te aprisiono em minhas pernas, no intuito de parar o mundo pra sempre entre os suspiros e gemidos. Preciso guardar o gosto doce do teu corpo o tempo de uma eternidade inteira.
Ainda, numa ultima tentativa de mergulhar em você mãos, lábios e língua, me afogo em teus anseios e, quase no suspiro derradeiro, você me arranca de volta para o mundo. Juntas, buscamos no quarto o ar que tanto nos faltou, enquanto as erupções na nossa pele se encarregam de justificar o quão eterno foi esse segundo que não aconteceu.
Sua, Sam.

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