segunda-feira, 17 de outubro de 2011

18 de outubro de 2011

Querida C.

Se eu não fosse tão pequena, tão metade, me doaria inteira. Meu coração bateria ao ritmo do teu e não deixaria teus domingos assim tão melancólicos.

Acordaríamos tarde, com a preguiça de quem passou a noite em claro desenhando curvas de corpos apaixonados, tomaríamos banho e talvez decidíssemos por ficar mesmo em casa. O cardápio seria o teu e todo resto também.

Duas taças de vinho sobre a mesa, nós embaraçando nossas mãos, por um motivo qualquer, e, em seguida, os olhares, os lábios, as pernas, as vidas.

Teu cheiro pela casa, nossas roupas pelo chão e sobreviveríamos, sem lágrimas ou sofrimento e sem essa saudade maluca do que nem chegamos a viver. Talvez até morrêssemos por segundos entre os milhões de abraços apertados, colados, calados.

Seriam teus, por horas intermináveis, meu riso, meus olhos, meus planos, meus beijos e desejos não tão bem guardados. Seriam tuas todas as minhas horas, todas as promessas, todas as flores. Seria teu o meu mundo.

Se eu não fosse tão pequena, tão metade, seria tua.

Mas ao te ver chegar, aqui do alto da minha impotência, apenas cruzo os braços sobre a cadeira, escondo o rosto e, sem lágrimas, sonho.
Com amor, Sam.

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