quinta-feira, 6 de outubro de 2011

5 de outubro de 2011

Dos cheiros de páginas escritas não sei dizer. Hoje também não saberia falar de cheiro algum que não fosse o que insiste em permanecer entranhado na profundidade rasa do que teimo desconhecer. Nem a rosa branca nem a rosa rubra me trazem mais aromas agradáveis; nem bromélias, nem cactos... Até mesmo o mais perfumado dos lírios não chega até mim como faz o cheiro que entra por todos os poros e se dilata com a fraqueza de um tufão e a efemeridade do infinito.

Talvez seja este cheiro que desconheço, o das nuvens desenhadas com bichinhos, o perfume que preciso perceber para borrar contextos e reformular caminhos; fazer sentir, sofrer e ler por inteiro as páginas que venho rabiscando.

(...)

Agora chove. Levanto a cabeça e olho pro céu, enquanto o cheiro da terra sendo molhada me invade os pulmões como se quisesse lavar tudo que está dentro de mim. As folhas das árvores me dizem para aproveitar o banho esmerado que a chuva tímida me propõe. Não, a chuva não iria me fazer esquecer o passado e também não me fez pensar no futuro.

O cheiro permanece.

Nenhum comentário: