sábado, 8 de outubro de 2011

8 de outubro de 2011

C.
É tarde de sábado e indecifráveis trancas, incalculáveis portas e montanhas intransponíveis de palavras me impedem de chegar até você.
Consigo tempo para reler suas cartas e percebo que elas são suficientes para me tirar daqui. Como num passe de mágica, nossos copos estão se tocando e transbordando o líquido amarelo e espumante que nos destravou a língua.
Seus cabelos, como nunca antes vistos, balançam ao vento e me convidam a um afago mais próximo que abraços cheios de arrepios e eu cedo. Aproveito para dizer ao seu ouvido das saudades e da falta que senti. Ensaio um beijo que, delicadamente, desliza na sua face e te deixo corar.
Seu sorriso, menos tímido, prende o meu olhar que insiste em decifrar seus lábios que, agora, umedecidos de desejo e cerveja, pronunciam meu nome.
Nesse encontro, muito mais que copos, olhares, afagos, nomes e bocas, a reação quente e quase instintiva dos nossos corpos, gela as mãos e congela o tempo. Assim permanecemos lá, sentadas, separadas apenas por milímetros de abismo, pela eternidade de uma fração de segundo que durou o meu piscar de olhos.
De volta ao meu quarto, junto suas cartas e seus bilhetes e vou tentando ouvir as canções que você me indicou, enquanto brindo sozinha com um copo de Nescau. Acredite, até nisso consigo encontrar você.

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