quarta-feira, 19 de outubro de 2011

19 de outubro de 2011

Olá C.
Você deve estar esperando a resposta da ultima carta, mas não vou fazer isso aqui, não hoje. Peguei uma página em branco para rabiscar, unicamente, porque acabo me sentindo mais próxima de você, mas hoje não quero falar sobre nada.
Quero apenas teu silêncio.
Fecho os olhos e recosto no teu peito. A maciez da tua pele me acaricia sem mãos, enquanto um dos braços me envolve em abraços. Te sinto respirar. No frio, nossos poros comungam da mesma sede e, sem cobertor, nossas pernas se embaraçam suprimindo os arrepios. Na tentativa de alcançar teus lábios, me afasto e nossos olhares dizem, no mais profundo silêncio, tudo o que se pretende ouvir, tudo que se precisa saber. Entre os beijos e afagos, dois corpos se dilacerando num desejo de carne e as almas cuidando de ser, caprichosamente, uma só. Não há mais mundo lá fora. O mundo inteiro está aqui e é você.
Silêncio, solitário silêncio.
Quase consigo ouvir o risco do grafite no papel agora decorado com corações. Por todos os lados, o teu nome desenhado como um grito calado e eu só consigo pensar no quanto preciso de você.
Sam


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