O chão se aproxima.
A poeira já me cega e as feridas sangram abertas antes mesmo do impacto.
A gente devia ter visto o mundo lá de cima, devíamos ter cuidado das asas que nos fariam alçar os mais belos voos e até quando mergulhássemos no vão, com elas seríamos livres, estaríamos seguras.
Estou no meio de uma queda livre e não há abraços lá embaixo.
Por enquanto, o vento bagunça os cabelos e leva embora os fios dourados que você costumava enrolar entre os dedos, sinto lágrimas escorrendo em direção à nuca, os lábios se movem involuntariamente e, dessa vez, é diferente de sonhos com seus beijos.
Me esforço e, quase no chão, grito que te amo. Minha voz chega a fazer eco, mas você não responde. Não há mesmo abraços lá embaixo.
Cabe uma eternidade inteira entre a segurança e o fim e eu poderia descrever cada átimo numa nova súplica por socorro, mas vou preferir calar, fingir mergulhar no olhar que prendeu para sempre os meus últimos desejos e esperar que você os guarde, os mate ou simplesmente, os saiba.
O chão se aproxima. Não há flores onde borboletas possam pousar.
- Eu pude prever. Você me tirou do chão e o que fazer se já não tenho asas? Não me deixe cair. Não solte a minha mão.
Desesperadamente, Sam.
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