Quase sem querer, começo escrevendo essas linhas. Parece que
o mundo parou, agora que percebi caneta e papel em branco nas mãos. Continuo
ainda sem saber o que fazer, mas como tudo ao meu redor, essa página, essa
tinta azul escorregando em letras nada arredondadas, me levam ao teu nome.
Vagarosamente, deixo que se derramem as mais doces
lembranças do teu jeito, do teu sorriso, da forma como ajeita teu cabelo, da
tua pele, dos teus olhos... Por um instante te vejo e, como em tantas outras
vezes, teu perfume invade a casa me deixando tonta.
Rabisco o papel em volta, ensaiando o que dizer, caso essa
presença dilacerante se torne real. E aqui estou eu perdida entre árvores,
nuvens, estrelas, corações e nenhuma frase de efeito, com olhos estatelados no
vazio onde você deveria estar, atravessando paredes, girando relógio,
contradizendo toda lógica, projetando toda mágica na tentativa de te alcançar.
Em vão.
Fim de tarde, beijos guardados, desejos rabiscados, papel
amassado e mais uma carta que você nem chegará a ler.
Saudades,
Sam.
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