domingo, 2 de setembro de 2012

02 de setembro de 2012

Olá C.


Quase sem querer, começo escrevendo essas linhas. Parece que o mundo parou, agora que percebi caneta e papel em branco nas mãos. Continuo ainda sem saber o que fazer, mas como tudo ao meu redor, essa página, essa tinta azul escorregando em letras nada arredondadas, me levam ao teu nome.
Vagarosamente, deixo que se derramem as mais doces lembranças do teu jeito, do teu sorriso, da forma como ajeita teu cabelo, da tua pele, dos teus olhos... Por um instante te vejo e, como em tantas outras vezes, teu perfume invade a casa me deixando tonta.
Rabisco o papel em volta, ensaiando o que dizer, caso essa presença dilacerante se torne real. E aqui estou eu perdida entre árvores, nuvens, estrelas, corações e nenhuma frase de efeito, com olhos estatelados no vazio onde você deveria estar, atravessando paredes, girando relógio, contradizendo toda lógica, projetando toda mágica na tentativa de te alcançar.
Em vão.
Fim de tarde, beijos guardados, desejos rabiscados, papel amassado e mais uma carta que você nem chegará a ler.

Saudades,
Sam.


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