terça-feira, 12 de junho de 2012

12 de Junho de 2012


Oi, C.

Costumava ser esse o nosso jeito e, depois de passar o dia inteiro procurando uma maneira de te alcançar, voltei aqui e reli cada carta como quem abre uma caixinha de bilhetes antigos para encontrar nas páginas ainda um resto de perfume.
O mergulho no abismo, você segurando a minha mão, restinhos de você no meu quarto, as sombras do teu, as asas de borboleta, os sons, as cores, todos os gritos no silêncio, as lembranças de uns versos cantarolados nas madrugadas, saudade e mais saudades. Os pontos de energia, a descoberta do nosso amor, dor, arrepios, suspiros, tantos sois, luas e chuvas para nos alcançar, promessas. Doeu lembrar que te ensinei a contar os “meus carneirinhos”, doeu também reviver cada segundo que te inventei na minha sala, no meu quarto, nos nossos banhos. Dói a falta dos “milhões de abraços apertados, colados, calados” e agora ouço a música com a qual deveríamos nos casar mais uma vez... Ai encontro: “nossas cartas serão as culpadas por isso. Todas as lembranças que eu tenho de você me farão dilacerar e me resumirá num ser debilitado nesse momento”.
Anjos... malditos anjos.... malditos anjos e essa língua que aprendemos a falar com eles que fez de você tão parte de mim, que nos permitiu entender tanto as coisas não ditas. Maldito anjo que te mostrou pra mim. Não! Não pense que tudo mudou e que me arrependo, é que agora no meio desse desespero eu precisava culpar alguém, alguém que não fosse eu, pois já não dou conta de carregar nos ombros o peso das promessas não cumpridas e dos espinhos que te feriram, piso ainda num chão áspero e rachado pela saudade, mas sob minha cabeça chove. Chove toda lágrima que nem ao menos brotou dos teus olhos.
Eu poderia implorar, te pedir mais uma vez pra ficar, te pedir pra jurar que “me quer pra sempre na sua vida e que vai casar comigo amanha”, eu te apertaria num abraço “até você não aguentar mais”, mas não tenho forças e não suportaria te ver indo embora mais uma vez. “Desistindo...”
Não sei o que fazer, não sei se existe algo que eu possa fazer. Por enquanto, fico remoendo as lembranças, chorando pelos cantos e ouvindo incontáveis vezes as nossas tantas canções. Ai nossas pernas se tocam sob a mesa e eu deveria corar de novo, mas a lágrima passou borrando as cores de um sorriso tímido; ainda assim, tento te encontrar sentada no canto onde eu te roubaria um primeiro beijo... Por favor, me prenda lá!
Ficou difícil continuar escrevendo.
Eu talvez tenha ainda muita coisa pra dizer, mas não sei se você ainda gostaria de saber. A gente pode se olhar nos olhos e conversar quando você quiser, se quiser. Não se proteja de mim, eu nunca ia querer o teu mal.
Te vendo ir e já tonta de tanto tentar te prender, eu ainda teria um “eu te amo quase inaudível”. Sei que pra você nada foi o bastante, mas te entreguei sentimentos que nem imaginava possíveis e tudo o que te mostrei nunca foi nem jamais poderia ser de outro alguém. Tudo que é teu continuará aqui comigo. Me perdoa por ter te feito desistir.
Não sei o que fazer com a poesia...

Desesperadamente, Sam.
P.S.: Se eu deixaria de esperar por você??? MAIS NUNCA!